
Teoria de botequim
O macho gasta mentira a torto e a direito, principalmente quando não precisa. Mente muito. E mal. É nosso defeito de fabricação: alô Procon, recall de homem já! Mulher não mente, ilude, como um David Cooperfield. Mulher tem a manha da narrativa e da verossimilhança, mesmo quando baixa um Dorian Gray, e ela tenta driblar o tempo e o calendário. Falar nisso, uma velha advertência: nunca confie em uma mulher que não mente a idade. Uma fêmea que não faz isso é capaz de coisas muito piores, é capaz de tudo. Cuidado. Minto, logo posso ser amado. Vejo um certo prazer sádico nos detectores femininos. Elas adoram nos flagrar no meio do ciclone de contradições e incoerências. Nada mais insuportável do que um homem que não mente. O homem sincero é sempre o pior canalha. O homem dito sincero e virtuoso, do tipo que tem ONG para ajudar os sem-alguma-coisa, do tipo que faz trabalho voluntário, é o mais vagabundo dos canalhas. Até sua virtude prevarica, como dizia o maníaco da Tijuca. O amor não sobrevive em um ambiente sem mentiras. A sinceridade extremada, esse fundamentalismo dos pobres de espírito, torna a vida insuportável, autoritária, sem fantasias. As pequenas mentiras dão graça ao lar-doce-lar. Se eu tivesse um caminhão, escreveria no pára-choque: uma mentira a mais é um desgosto a menos. Como são arrogantes os que dizem dizer somente a verdade, essa impostura cristã de terceira categoria. Quem tiver suas verdades que me poupe delas. Que mintam e me agradem, que mintam e me bajulem, que mintam e divirtam a humanidade. Responda rápido: você prefere ouvir um "você é a mulher mais gostosa deste mundo" (mesmo ciente do exagero retórico do camarada) ou um sincero "não é por nada não, meu amorzinho, mas sua bunda está muito caída"? De verdade basta a lei da gravidade. E tem mais um grafite de saideira: não compre jornal, minta você mesmo!
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